quinta-feira, 14 de outubro de 2010

“Descoberto planeta habitável fora do sistema solar” – O que isso realmente quer dizer?


Algumas questões sempre intrigaram a humanidade: existe vida fora da Terra? Somos o único planeta habitado no Universo? De tempos em tempos, os noticiários aguçam ainda mais nossa imaginação publicando novas descobertas, como as que surgiram na última semana (no final do mês de setembro de 2010) sobre a existência de um novo planeta habitável, a uma distância de 20 anos-luz da Terra - lembrando que ano-luz é a medida astronômica correspondente à distância percorrida pela luz no período de um ano (ou seja, ao se deslocar a uma velocidade aproximada de 300 mil quilômetros por segundo, a luz percorre o intervalo de 9,46 trilhões de quilômetros em um ano).
Segundo os cientistas do ESO (European Southern Observatory, beneficiário da Organização Europeia para a Pesquisa Astronômica no Hemisfério Austral), o planeta está localizado na Constelação de Libra e orbita a estrela anã vermelha Gliese 581. De acordo com os estudos, o planeta teria 1,5 vez o raio da Terra e reuniria condições favoráveis à vida.

Mas o que são “condições favoráveis à vida”? Poderíamos viver em outro planeta além da Terra? Que tipo de vida/organismo existe ou poderia existir em outro planeta? Vamos analisar a Terra e o que possibilita a vida em nosso planeta.

A Terra reúne diversas características favoráveis ao desenvolvimento de vida, começando pela posição astronômica, com uma distância do Sol de aproximadamente 150 milhões de quilômetros, ou seja, uma unidade astronômica (1 UA), o que garante ao Planeta quantidade adequada de radiação luminosa recebida. A presença de atmosfera com uma composição equilibrada de gases (azoto, oxigênio, dióxido de carbono, entre outros) é outro fator preponderante para que a vida possa se desenvolver, pois mantém a temperatura média do Planeta em aproximadamente 14º C. Além do equilíbrio térmico, a atmosfera tem outras funções importantes, tais como: permitir a respiração; formar uma barreira aos meteoros, fragmentando-os; filtrar grande parte dos raios ultravioleta do Sol através da camada de gás ozônio, etc. Essas características, em conjunto, reúnem condições para existência de água nos três estados, como o vapor d’água na composição atmosférica, que auxilia no equilíbrio térmico participando do ciclo hidrológico terrestre. Completando as características físicas temos a composição da superfície terrestre, que determina o albedo - capacidade de refletir a energia luminosa do Sol. Quanto mais um corpo reflete os raios luminosos, menor é a absorção desses raios; consequentemente menor é o aquecimento desse corpo. O albedo depende da quantidade de nuvens na atmosfera, do material particulado em suspensão, do vapor d’água, da cor e da composição da superfície, das massas líquidas, da cobertura vegetal, das rochas, da areia, dentre outros fatores.


Essas são, talvez, os mais importantes requisitos para que haja vida em um planeta. Assim, divulgar a existência de planetas que reúnam essas condições é um relevante indício da possibilidade de encontrarmos vida extraterrestre.

Instigando ainda mais a imaginação

Se levarmos em consideração a amplitude do Universo, a probabilidade de haver outros planetas habitáveis ou até mesmo habitados são enormes. Existência de vida engloba desde organismos unicelulares, como bactérias e cianobactérias - que foram as primeiras formas vivas na Terra -, passando por algas e plantas, até organismos mais complexos, como animais, por exemplo. Assim, a presença de simples bactérias permite aos cientistas afirmarem que um planeta é ou poderá ser habitado.

Quando olhamos para o céu em uma noite sem nebulosidade, enxergamos um número incalculável de estrelas, semelhantes ao nosso Sol. De acordo com pesquisadores, nossa galáxia, a Via Láctea, possui aproximadamente 100 milhões de estrelas, entre elas o Sol. Cada estrela seria orbitada por milhares de corpos celestes, incluindo planetas, satélites, asteroides e outros. Segundo estudos e observações, estima-se que o Universo seja composto por 125 bilhões de galáxias.

Assim, ao imaginarmos o tamanho do Universo e pensarmos que a Terra é como apenas um grão em uma vasta extensão de areia, podemos voltar aos questionamentos iniciais: é possível existir vida extraterrestre? Seria o nosso planeta o único habitado no Universo? Não seria egoísmo supor que estamos sozinhos nessa imensidão?

Como diria o cientista e astrônomo estadunidense Carl Sagan: “Se não existe vida fora da Terra, então o universo é um grande desperdício de espaço.“

E você, o que acha disso? Deixe seu comentário.