segunda-feira, 8 de março de 2010

Por que Geografia?



Traduzido do original “Why Geography?”, publicado por Caitlin, em 06/03/10 | GeoLoungePor que Geografia? por J. Chartwell*

Os cidadãos de muitos países do mundo ainda não percebem que a ignorância da geografia pode afetar a sua estabilidade política, o sucesso econômico e saúde ambiental. Claro, é importante saber onde as coisas estão localizadas. Mas ainda mais importante é aprender de que maneira esses lugares são afetados por seus ambientes e sua população. Isso também é geografia.

Nossa sobrevivência depende da nossa consciência das coisas, como onde a maior quantidade de dióxido de carbono está sendo produzido e onde as florestas tropicais estão sendo destruídas. Ajudaria-nos para saber por que os terroristas querem atacar. Para ajudar os sobreviventes do tsunami que precisamos saber algo sobre os locais afetados. Geografia é fundamental para todas essas coisas.

É fácil ver porque as pessoas acreditam que (a partir do) mito da leitura do mapa a geografia é apenas fazer (uso de) mapas, e saber onde está tudo. Por exemplo, aos concorrentes dos jogos de tevê serão feitas perguntas como "Qual é o rio que flui através de Zambeze, Zâmbia?" Em casos como este, a resposta pode ser conhecida por ter se estudado um mapa. O conhecimento de lugares e eventos e onde estão localizados é importante e útil. Saber onde aconteceu algo dá mais importância ao evento.

Talvez você já ouviu esta história: um estudante do ensino médio nos Estados Unidos concorria a uma vaga numa universidade nacional. O funcionário da faculdade, responsável pela revisão das admissões negou o pedido, salientando que o candidato precisava ir até o escritório de admissões estrangeiras. O estudante era do Novo México.

Por que Geografia?

Geografia é muito mais do que saber onde está ou ocorreu algo. Você conhece a capital da Bolívia? A resposta é La Paz e Sucre – dois lugares diferentes. Eis o porquê: em 1899 o Partido Conservador na Bolívia foi derrubado pelo Partido Liberal, durante a Revolução Federal. A mineração de cassiterita, que estava na zona de La Paz, se tornou uma indústria importante para o país, e os empresários de estanho apoiavam os Liberais. Assim, os liberais queriam mudar a capital de Sucre para La Paz. Eles apenas parcialmente foram bem-sucedidos. A capital constitucional é agora Sucre, e a capital administrativa é La Paz. Agora que você sabe o "porquê", você terá muito mais condições de lembrar o "onde".

Um conjunto de dezoito padrões de aprendizagem foi criado para a ciência da geografia. Estes dezoito padrões estão separados em seis elementos essenciais:

Os Sistemas Físicos

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As ações físicas que criam os padrões da superfície da Terra
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As características e distribuição espacial dos ecossistemas na superfície da Terra

Os Locais e Regiões

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O material e os atributos humanos dos lugares.
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Que pessoas formam regiões para decodificar a complexidade da terra
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Como a cultura e a experiência influenciam a compreensão das pessoas dos lugares e regiões

O Mundo em termos espaciais

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Como usar os mapas e outras ferramentas geográficas e técnicas para obter, processar e descrever a informação de um ponto de vista espacial
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Como usar mapas mentais para organizar dados sobre pessoas, lugares e ambientes em um contexto espacial
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Como estudar o arranjo espacial de pessoas, lugares e ambientes na superfície da Terra

Os Sistemas Humanos

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As características, a dispersão e a migração de populações humanas na superfície terrestre
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As características, a dispersão e complexidade dos mosaicos culturais da terra
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Os padrões e as redes de interdependência econômica na superfície da Terra
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Os processos, padrões e funções dos assentamentos humanos
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Como as forças de cooperação e conflito entre as pessoas podem influenciar a divisão e o controle da superfície da Terra

Os usos da Geografia

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Como aplicar a Geografia na interpretação do passado
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Como aplicar a Geografia na interpretação do presente e planejar o futuro
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Meio Ambiente e Sociedade
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Como as ações humanas mudam o ambiente físico
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Como os sistemas físicos afetam os sistemas humanos
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As mudanças que ocorrem no significado, uso, distribuição

*SOBRE O AUTOR J. Chartwell desenvolveu Mapas GPS Info.com, que fornece informações práticas sobre GPS e mapas que todos podem usar. O site inclui análises de produtos e um glossário de Mapas / GPS glossário. Visite http://www.maps-gps-info.com/gp.html

Fonte: Why Geography? by Caitlin, Sat, 06 Mar 2010 20:24:25 GMT

quarta-feira, 3 de março de 2010

Terremotos no Chile e no Haiti ocorreram por tipo distinto de movimento tectônico

Abalo de 12 de janeiro é exemplo de deslizamento lateral.
No tremor de sábado, uma placa ‘mergulha’ para debaixo da outra.

O terremoto no Chile e o que atingiu o Haiti em 12 de janeiro são causados por fenômenos geológicos diferentes, embora ambos façam parte do lento e sutil movimento de placas tectônicas, que é constante.



A crosta da Terra é constituída por cerca de uma dúzia de grandes placas tectônicas (ou litosféricas), delimitadas por grandes “falhas”. O movimento da camada mais externa da Terra, mesmo que sejam só poucos centímetros por ano, produz tensões que vão se acumulando em vários pontos.



Os terremotos são efeitos desse processo geológico de acúmulo lento e liberação rápida de tensões entre as placas, quando as rochas atingem o limite de resistência e ocorre uma ruptura. O tamanho da área de ruptura, grande ou pequeno, determina se o evento será um abalo quase imperceptível ou um terremoto. Quanto maior a área de ruptura, maior a violência das vibrações emitidas.

Dependendo das características físicas das placas, do ângulo e da velocidade dos impactos, a trombada pode provocar o mergulho da placa mais densa sob a outra, o enrugamento e elevação das bordas das duas placas ou o deslizamento lateral entre ambas. A falha de San Andreas , na Califórnia, é desse tipo: as placas têm densidades semelhantes que colidem obliquamente.

O terremoto no Chile foi um exemplo de mergulho de uma placa (a de Nazca, no Oceano Pacífico) para debaixo da outra (a Sul-Americana). O terremoto no Haiti foi um deslizamento lateral entre placas (a Caribenha e a Norte-Americana, em um fronteira conhecida como Zona de Falha Enriquillo-Plantain Garden).



Além disso, no caso do abalo no Chile, apesar de ter magnitude extrema (8,8), seu hipocentro foi no mar, a 35 km de profundidade. O do Haiti, com magnitude 7, foi a 10 km da superfície. Hipocentro é o ponto de ruptura inicial, também chamado de foco do tremor – ou onde início do terremoto “aconteceu mesmo”. Epicentro é a projeção do hipocentro na superfície.



Movimentação da América do Sul

O professor João Willy Corrêa Rosa, do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB), explica que o choque entre as placas tectônicas na costa do Chile está associada ao movimento que a América do Sul faz em direção ao oeste, afastando-se da África.



"A tendência é o Oceano Atlântico ficar cada vez mais largo, cerca de 10 centímetros por ano, enquanto o Pacífico vai encurtando", conta Rosa. Segundo ele, o mesmo fenômeno também é responsável pelo surgimento da Cordilheira dos Andes e seus vulcões.



Número de mortos

Até a tarde desta segunda-feira (1º), as vítimas do terremoto do Chile não chegavam a 800. No Haiti, as últimas estatísticas indicam que o número de mortos passa de 230 mil.



Para Rosa, a diferença discrepante ocorre porque o ponto onde houve o terremoto haitiano era muito mais próximo a locais habitados do que no Chile. "O sismo do Haiti foi praticamente embaixo do centro da cidade".



O professor compara o terremoto a uma bomba. "É como se fosse uma explosão. Quanto mais longe, menor as consequências. No Chile, a sorte é que não foi próximo às maiores cidades".



Além disso, Rosa explica que as construções no Chile são mais preparadas para terremotos e o país tem um mapa das áreas de risco para prever quais são os lugares mais vulneráveis a terremotos.



'Filhotes' de terremoto

Assim como ocorreu no Haiti, os chilenos agora estão expostos ás chamadas "réplicas" do terremoto. São tremores menores que costumam ocorrer após um grande abalo sísmico.



"Quando há um terremoto grande ocorre um deslocamento razoável das camadas de rocha em profundidade. O que acontece depois é um acomodamento dessas camadas", ensina o diretor do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), Colombo Tassinari.



Segundo ele, os tremores subsequentes costumam ser menores do que o principal. "Não costuma ocorrer outro grande terremoto em pouco espaço de tempo, mas em até um mês é possível que tenhamos outras réplicas", conta.



Tsunami

No Chile, os tremores provocaram um tsunami que atingiu a costa do país. O mesmo evento não foi registrado no Haiti. Segundo Rosa, da UnB, a explicação disso é a magnitude do abalo sísmico. "O terremoto do Chile liberou mais de cem vezes energia do que o terremoto do Haiti."



O professor conta que, ao contrário dos tremores, os tsunamis são previsíveis. "Se a população é alertada, os governos dessas localidades conseguem evacuar as áreas mais baixas e remover as embarcações dos portos para o mar aberto, onde a onda tem uma amplitude muito pequena."



Magnitude e intensidade

Um terremoto como o do Chile, com magnitude 8,8, é bastante raro. Essa “raridade” significa que ocorre um desses por ano, em média. Para entender: a fim de comparar os tamanhos relativos dos terremotos, o sismólogo americano Charles F. Richter, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), formulou em 1935 uma progressão logarítmica com base na amplitude dos registros das ondas superficiais de choque captadas pelas estações sismológicas: cada ponto corresponde a 10 vezes a amplitude das vibrações do ponto anterior e a 30 vezes a energia liberada.



A “escala” Richter não tem limite inferior nem superior. Tremores tímidos podem ter magnitude negativa. O máximo depende só da natureza.



Existe uma outra medida, diferente da Richter, que é a escala de intensidade dos efeitos do tremor, chamada Mercalli Modificada, sempre estimada.



A Richter indica precisamente a magnitude do terremoto. A MM estima a intensidade do evento.



Ela classifica os efeitos que as ondas de choque provocam em um determinado lugar. É extraída de observação e relatos de vítimas, não de instrumentos. Portanto, está sujeita a subjetividades. Além disso, um tremor de alta magnitude no Japão, com edificações concebidas para resistir a terremotos, atinge pontos na escala Mercalli muito mais baixos do que em um país despreparado para enfrentar o fenômeno.



Terremotos com magnitude igual ou superior aos 7 graus na escala Richter, como o que atingiu o Haiti no dia 12 de janeiro, são mais comuns do que se pensa. De acordo com estimativa do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), 17 tremores de magnitude entre 7 e 7,9 ocorrem todos os anos no mundo. Acima disso, pelo menos um terremoto com magnitude de no mínimo 8 é registrado anualmente. Terremotos entre 6 e 6,9 são mais de 130 por ano.