quinta-feira, 30 de julho de 2009

Lagoas só no nome


Lagoa do Prato Raso, também vizinha à avenida José Falcão

Dizer que Feira de Santana teve originalmente 60 lagoas em toda a área do município soa quase como uma lenda quando se vê a realidade atual. Quantas restam? “Meia”, nas contas do diretor de Meio Ambiente da Prefeitura, Sérgio Aras.

A “meia lagoa” é a do Subaé, o único lugar em que a quantidade de água e um resto de conservação ainda permitem banhos. Tanto que tem um trecho conhecido como Prainha, onde moradores se divertem nos fins de semana, no mesmo lugar onde outros lavam cavalos.

Mesmo com um volume um pouco maior de água, a Lagoa do Subaé está cheia de taboas, vegetação de locais altamente poluídos, ocupando grande parte de sua área. Ao redor, o desmatamento é quase total. Em alguns pontos há plantações. Em outros, casas, cada vez mais próximas da água. Nos trechos considerados ruas, a erosão arrasta a cada chuva montes de terra para o leito.

As lagoas feirenses já tiveram muita água. Ao ponto da Lagoa Grande ter servido para abastecer a cidade, quando ainda não havia a barragem de Pedra do Cavalo. De acordo com Aras, começou a se esvaziar com a instalação de uma indústria cerâmica, que ao perfurar o fundo para retirar barro provocou o efeito de um ralo. Com a água baixando, começaram as invasões. Hoje um pobre e populoso bairro (a Rocinha), se instalou dentro do que antes era água.
Lagoa do Prato Raso, também vizinha à avenida José Falcão
As lagoas são em Feira o que os morros são no Rio de Janeiro. Locais perto do centro, indesejáveis para a classe média, mas aproveitáveis pelos mais pobres. Tanto têm valor que há um intenso comércio de moradias. As placas de “vende-se” são encontradas com facilidade, apesar das construções serem irregulares, por estarem em área de proteção ambiental.

Proteção inútil, pois os próprios agentes públicos ou aspirantes a mandatos incentivam a ocupação. Em tempo de campanha, o agrado mais desejado e valioso que um candidato faz ao eleitor por ali é um caminhão de entulho para aterrar.

“O político é imediatista. O que importa para ele é o voto e ecologia não dá voto no Brasil”, teoriza frei José Monteiro, tentando entender como pessoas supostamente responsáveis pela elaboração, execução ou fiscalização da lei, não se constrangem em descumpri-la.

Um comentário:

  1. Olá, pró Valdirene!! Estou muito feliz por ter criado esse blog especialmente para que nós, alunos, possamos adquirir mais conhecimento na área de Geografia e Compreensão do Mundo. Gostei da sua reportagem, que fala das lagoas de Feira de Santana, que hoje existem em quantidade muito inferior ao que tínhamos antes. Vi que a Lagoa do Subaé é a única que oferece condições para se tomar banho hoje em dia. Vi que um trecho chamado Prainha, sevem para se divertir e lavar cavalos e gados. Mesmo assim, essa Lagoa ainda está poluída, por uma poluição que ocupa grande parte do seu tamanho. Ao redor, há desmatamento em abundância. A Lagoa Grande servia para abastecer a cidade quando ainda não existia a barragem Pedra do Cavalo. Uma indústria cerâmica perfurou o fundo da Lagoa para encontrar barro, o que resultou no esvaziamento dessa Lagoa. Hoje um pobre e populoso bairro se instalou dentro do que antes era só água. Também acontece um grande comércio de moradias. Mesmo estando em área de proteção ambiental. O que não funciona, pois os próprios agentes públicos e os que desejam ter algum cargo político incentivam a ocupação.

    Gostei muito de seu blog, te amo muito, muito mesmo. De seu aluno Lenon.

    ResponderExcluir